A histeria dos números


    
Confrontada com as novas resoluções e decretos sacadas da manga por ambos governos Ibéricos, mais ou menos em consonância com alguns dos outros governos Europeus, cresce no seio da população outra legítima preocupação: sobreviver. E não se trata de sobreviver ao possível ou mais que provável contágio – está patente que a imensa maioria o consegue – mas sim sobreviver à falta de meios de subsistência. A ruína acelerada da economia, a quebra das pequenas e médias empresas e os despedimentos anunciados ou já tornados efectivos pelas companhias de maior dimensão (bancos incluídos), fazem prever um problema cuja solução, se a houver, poderá colocar-se num horizonte bem longínquo.

    Não vou aqui discutir se as medidas de distanciamento social, de protecção ou de confinamento – com que não concordo em grande parte – são ou não legítimas ou constitucionais ou se, por outra parte, representam uma preocupante escalada nas restrições dos direitos dos cidadãos. Espero e desejo que o façam os juristas, com a maior independência e brevidade possíveis.

    O que continuo sem poder entender é esta contagem diária, histérica, dos óbitos atribuídos à Covid19, como se não houvesse no mundo outras doenças que, há anos, provocam ainda mais mortes. Não quero negar nada e muito menos a existência de um problema sanitário que ainda não se entende muito bem de donde emana, quando começou a disseminar-se e, pior, quando ou se vai poder controlar-se. Seja o que for que se espalhou pelo planeta – um vírus, uma bactéria ou um combinado até agora desconhecidos – não há dúvida que está a causar estragos, que está a enfermar pessoas e a leva-las aos hospitais e às unidades de cuidados, em alguns casos começando já a saturar os serviços hospitalares e em todos, obrigando o pessoal sanitário de ambos Serviços Nacionais de Saúde a um esforço sobre-humano, arriscando a sua própria integridade física. Este panorama, claro está, é a prova inequívoca que os responsáveis pela administração dos Estado – esta gente que elegemos cada 4 anos e que, através dos nossos impostos, cobra atempada e impreterivelmente um bom salário – não tem investido nem o necessário nem o suficiente, em fundos e preocupação, para dar resposta a uma situação deste tipo. Mas isto também é outro tema que já se vai discutindo em muitos países e que terá, esperemos, as suas consequências.

    Claro que os hospitais privados estão “prontos para ajudar” – estarão? – como já acontece aqui do lado Espanhol e, segundo notícias de hoje mesmo, irá brevemente ocorrer em Portugal, mas é provável que a factura seja pesada, sendo disso a Catalunha um “bom” exemplo.

    Na perspectiva de melhor entender porque insistem as DGS de ambos países, através dos meios oficiais que lhes dão voz no continuado massacre mediático sobre positivos – a que chamam inadequadamente infectados – e óbitos – onde se contabilizam todos os falecidos cujo teste PCR tenha dado resultado positivo – entrei nas páginas oficiais do Instituto Nacional de Estadística, de Espanha, assim como na do Instituto Nacional de Estatística Português e verifiquei os números de óbitos registados no último quadriénio, sendo que 2016, tal como o corrente ano, foi bissexto.

    Todos os falecidos são se lamentar, mesmo quando o óbito ocorre de forma serena, em avançadas idades, assim que a “máquina” decide parar. É uma lei de vida inexorável. Mas quem fica sofre. Por outro lado, quando os falecimentos são o resultado inesperado de um acidente ou de uma morte súbita, o sofrimento de quem os vê partir multiplica-se, mas as mortes por doença, mais ou menos prolongada, são igualmente trágicas para familiares e amigos. Não quero portanto minimizar a importância de uma vida nem o desespero de quem perde um ser querido. 

    O que pretendo é que se racionalizem os dados e se pergunte o leitor porque não nos têm fornecido, pelo menos semanalmente, ou até mensalmente, e com a mesma veemência e assertividade os dados de óbitos por câncer, doenças cardiovasculares e doenças do aparelho respiratório que são as três que, de forma generalizada, mais dizimam a população todos os anos, em ambos países. Em Espanha constituem mais de 67% da mortalidade anual e, no caso Português, quase 66% (dados de 2018). Principalmente quando parece haver fortes evidências que, uma boa parte desses falecimentos, se poderiam evitar diminuindo ou evitando consumos de produtos tóxicos como o tabaco e o álcool, sim, mas também o açúcar, os conservantes, o glutamato, os corantes, os pesticidas, muitos medicamentos químicos cujos efeitos secundários são (im)previsíveis e, porque não, a poluição que nos envolve diariamente. Pelo contrário, quase tudo isto – excepção ao tabaco desde há poucos anos – se apresenta em atractivos anúncios em todos os mesmos meios de comunicação.

Espanha

    Analisemos então o caso Espanhol para um país que em 2018* contava com 46.658.447 habitantes:

    Em Espanha , e segundo o referido INE, os totais de óbitos para os quatro anos foram os seguintes:

ano            nº de óbitos        Taxa de mortalid.   média diária

2016             410.611                 0,88%                 1121,88

2017             424.523                 0,91%                 1163

2018             427.721                 0,91%                   1171,84

2019             417.619                 0,89%                 1144,88

donde se pode depreender que a taxa anda, com uma variação mínima, à volta dos 0,9% da população, pelo menos desde 2016 e até ao passado ano.

    Encontrados os dados oficiais do mesmo organismo para 2018, descriminados segundo as três razões de morte acima mencionadas, vemos que dos 427.721 falecimentos, foram

120.859     por doenças cardiovasculares             331/dia

112.714     por câncer ou tumores                        308/dia

53.687       por doenças do aparelho respiratório 147/dia


    Ainda em Espanha e segundo dados do mesmo instituto, na semana 43 de 2020 contabilizavam-se 403.341 falecidos desde 1 de Janeiro, ou seja 1348,96 óbitos diários, o que representa um aumento significativo de cerca de 204 óbitos por dia em relação à média do ano anterior.

    Mais de metade parece poderem ser atribuídos à Covid19 pois, até anteontem e para um total de 317 dias, foram contabilizados em Espanha 40.769 mortes atribuídas à Covid19, o que dá uma média de 129 por dia. Mas e os restantes 75/dia que somam a importante figura de 22.425 falecidos durante os 299 dias que constituem as citadas 43 semanas? Como se explica tal desvio? Talvez se deva à cancelação de cirurgias e tratamentos a pacientes que deixaram de ter acesso aos hospitais, ou que, em alguns casos, não compareceram temendo contagiar-se com tão implacável e apregoado vírus.

Portugal

    Em Portugal, que no mesmo ano de 2018 e segundo as mesmas fontes aparece com 10.276.617 habitantes, os números são algo distintos e é curioso nota-lo. O Instituto Nacional de Estatística publica que os totais de óbitos para o quadriénio em questão foram:

ano            nº de óbitos        Taxa de mortalid.     média diária

2016             110.563                 1,07%                     302,08

2017             109.758                 1,06%                     300,70

2018             113.051                 1,09%                     308,88

2019             112.225                 1,09%                     307,46

    De forma que considero imprecisa, o INE em Portugal, ao contrário de outros anos, limita o início das suas estatísticas relativas ao ano de 2020, ao dia 2 de Março, parecendo querer afinar com a tendência de exacerbar os números de Covid em detrimento de quaisquer outras estatísticas. Algo estranho ,principalmente se tivermos em conta que, como agora já se sabe, o Sarscov2 já se manifestava meses antes (nas amostras de uma depuradora de Barcelona de inícios de Janeiro foram encontrados vestígios de um mesmo RNA). Em Portugal e Espanha são conhecidos vários casos em Janeiro e Fevereiro, não documentados oficialmente, que parecem desmentir a ideia avançada pelos mídia de que só em finais de Fevereiro chegaram os primeiros casos à Europa.

    O primeiro que salta à vista, analisando os números supra, é que a taxa de mortalidade em Portugal é ligeiramente superior à do país vizinho, o que se poderá atribuir talvez, a um maior envelhecimento da população.

    Descriminando os números segundo as três maiores razões de morte anteriormente mencionadas, vemos que os 113.051 falecimentos, ficaram distribuidos da seguinte forma:


32.732     por doenças cardiovasculares                 88,6/dia

28.450     por câncer ou tumores                            76,9/dia

13.276     por doenças do aparelho respiratório     35/dia

    Para ajudar a entender melhor a importância destes números fui consultar os mesmos dados mas para o ano bissexto de 2016. Encontrei uma semelhança notável:

32.628     por doenças cardiovasculares                 89,1/dia

27.918     por câncer ou tumores                            76,3/dia

13.448     por doenças do aparelho respiratório     36,7/dia

e porque encontrei os dados e me pareceram relevantes para ilustrar algo que referi acima sobre hábitos de consumo, decidi colocar aqui um número não menos preocupante de

9.842       por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas que, juntamente com a diabetes mataram uma média de 26,9/dia em 2018 e 

9.701     que, em 2016, nos dá um resultado de 26,5/dia

    Isto demonstra também o pouco que se tem avançado no sentido de melhorar estes resultados, apesar de todos os esforços. Outro ponto a considerar.

    Quanto aos falecimentos oficialmente atribuídos à Covid19, eles foram, até anteontem dia 13 de Novembro,

3.250 o que em 317 dias, no deixa uma média 10,25/dia.

    Se os números obtidos com os dados Espanhóis já parecem justificar a minha inquietação, os resultados relativos a Portugal, onde as doenças respiratórias mais que triplicam essa média diária, e as cardiovasculares obtém valores quase 9 vezes superiores, haverá alguma justificação para continuar a promover este cenário de pânico constante, com relação à Covid19?

    Será que as medidas de confinamento, distanciamento social, protecção com máscaras e hidrogéis que, por outro lado, e evidentemente, têm efeitos nocivos para a saúde mental e física dos cidadãos, estão a conseguir os resultados esperados?

    Não será que o argumento de que “senão o número de infectados e mortos seria maior” não é apenas uma escusa para esta grande experiência social a que assistimos e somos submetidos?

    Será que os nossos responsáveis, em ambos países, têm estado a ser bem assessorados quanto ao efeito inibidor que o medo pode ter no funcionamento do sistema imunitário dos seres humanos e, também por isso, se disparam os números?

    Ou sabem-no mas não lhe dão a importância devida?

    Fiquem bem!


*1 de Janeiro de 2018. Os números absolutos da população de ambos países referem-se sempre ao primeiro dia do ano.


Comentarios

  1. Li devagar e com muita calma talvez por isso tenha demorado. A verdade é que eu sou uma vítima da malfadada hora da morte pois sendo uma pessoa com síndrome de pânico diagnosticado começo a não querer acordar e tenho que fazer um esforço maior do que eu para tentar sobreviver com o luto da minha mãe por fazer por causa do Covid19. O vírus existe mas creio que há um consenso entre os donos do mundo para que este medo nos paralise e possam reduzir - nos a simples marionetas. E por acaso no dia do AVC os médicos tentaram nos media alertar para a população não faltar às consultas. Os números são um atestado de estupidez pois para serem correctos teriam que fornecer os números das mortes por cancro, AVC, Covid19. Eu tenho uma opinião muito própria que guardarei para mim porém quero deixar aqui o meu aplauso por este artigo com as dúvidas que eu sempre tive, o porquê da hora da morte. Parabéns

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